O pedreiro Francisco Cosme Leal da Silva, 39 anos, é suspeito de uma série de estupros de crianças no Distrito Federal. Ontem, a Polícia Civil recebeu pelo menos quatro denúncias de pais, assustados com os relatos dos filhos que o reconheceram como o autor de crimes sexuais praticados em 2010. Três das supostas vítimas, duas delas irmãs, todas com idades entre 9 e 10 anos, moram no Riacho Fundo, onde reside Francisco.
Ele foi preso na noite de quinta-feira, acusado de sequestrar, violentar e matar a menina Beatriz Silva do Nascimento, 9 anos, no domingo de Natal. O corpo dela foi encontrado quatro dias depois, numa região de mata fechada, ao lado de um córrego, no Setor de Chácaras Colônia Agrícola Sucupira, a 500 metros da casa do suspeito. Beatriz será sepultada hoje, às 11h, no Cemitério de Taguatinga.
Para os investigadores do caso, o pedreiro é considerado um maníaco sexual. O titular da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), Leandro Ritt, que comandou a equipe responsável pela prisão de Francisco, acredita que ele tenha praticado outros delitos dessa natureza. “Ele é um psicopata, um pedófilo que, certamente, deve ter deixado um rastro por onde passou. A experiência nos mostra que, com a exposição do caso na mídia, mais cidadãos devem entrar em contato conosco.”
Francisco guardava em casa documentos de uma menina de 12 anos. Ele alega tratar-se de sua filha, que reside com a avó paterna, em Sumaré (SP). Os policiais apuram a veracidade da informação. Foi justamente no município paulista que ele abusou sexualmente de uma criança (leia quadro). Identificado pelas autoridades do Estado, fugiu para Brasília antes de ser preso.
A Justiça de Araxá, em Minas Gerais, também tem dois mandados de prisão expedidos contra o pedreiro, por furto. A promotora de Justiça Maria José Miranda acredita que, se houvesse um sistema de cadastro unificado, com a identificação de todos os foragidos do país, o suposto estuprador poderia ter sido detido antes mesmo de entrar no DF. Ela também citou como causa da impunidade as leis brandas. “É necessário o endurecimento das penas. Hoje, um estuprador fica pouco tempo na cadeia.”
Agora, os policiais se debruçarão sobre o banco de desaparecidos do DF. A intenção é saber se outras vítimas sumiram pelas mãos dele. “Vamos mapear por onde ele andou, cruzar com os locais onde as pessoas desapareceram e saber se há relação”, explicou o delegado da DRS. A frieza do assassino impressionou até mesmo policiais experientes. Depois de violentá-la, ele usou a camiseta azul que vestia para enforcá-la. Após cobrir o corpo com pano e capim, queimou as suas vestes.
Para convencer Beatriz a acompanhá-la até o matagal, o pedreiro ofereceu a ela presentes, balas e chocolates. Imagens gravadas pelo sistema de câmeras de uma loja mostram Beatriz caminhando ao lado de Francisco, numa rua da QS 11, do Areal, em Taguatinga Sul, por volta das 11h30 do dia 25, próximo à casa dela. Beatriz ia para a padaria quando foi abordada. O vídeo revela que o pedreiro parece apressado. Os dois andaram por cerca de 7km até o matagal que serviu de cenário para o assassinato.
A gravação divulgada nos meio de comunicação contribuiu para a prisão do suspeito. Um morador da região telefonou para a polícia e informou o paradeiro de Francisco. Ele reconheceu o pedreiro depois de assistir às imagens. Agentes da DRS foram até o endereço fornecido e encontraram o suspeito, que confessou ser o autor do sequestro e do homicídio. Dentro da casa do pedreiro, havia uma mala cheia de roupas, indicativo de que o suspeito pretendia fugir.
À imprensa, Francisco não demonstrou arrependimento. “Foi um crime bárbaro, sim, que nem eu queria que acontecesse, mas aconteceu”, resumiu.
Psicopatia
O comportamento de Francisco se assemelha ao de outros acusados de violência sexual. Assim como os maníacos de Luziânia e do Novo Gama (leia Memória), o pedreiro era visto como uma pessoa pacata, sem vícios e trabalhadora. O perfil acima de qualquer suspeita faz com que a população não desconfie das intenções dos psicopatas sexuais. É o que explica o professor de psiquiatria da UnB Raphael Boechat. “Trata-se de um transtorno de personalidade associado à estrutura mental da pessoa. E é bastante complicado de se tratar, pois não admitem o problema”, alertou.
Uma proposta polêmica de castrar quimicamente pedófilos tramita no Senado Federal. O professor diz que é possível considerar que tal medida seja aplicada no Brasil, mas ressalta que o Estado deve oferecer alternativas antes de tornar legal o projeto. “É uma possibilidade, mas, antes de adotar algo extremo, o Estado deveria se estruturar para fornecer tratamento”, ponderou.
Fonte: Correio Braziliense
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