Um tribunal de Kiev condenou nesta terça-feira a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko por abusar de seus poderes, ao ordenar que um subordinado firmasse um acordo de gás em 2009 com a Rússia. A líder da oposição foi condenada a sete anos de prisão, em um julgamento bastante observado e politizado, informa o Wall Street Journal. O caso tornou-se um teste para o governo do presidente Viktor Yanukovych, que busca equilibrar os laços com o Ocidente e com Moscou. Os críticos acusam a administração de adotar táticas cada vez mais autoritárias, similares às do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin. Funcionários dos EUA e da União Europeia denunciaram o processo como politicamente motivado e disseram que ele ameaça as relações. O governo de Yanukovych nega qualquer conotação política no caso. Tymoshenko disse que apelará da decisão ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, em Estrasburgo.
O juiz Rodion Kireyev afirmou que Tymoshenko é culpada por ordenar ilegalmente que a companhia estatal de gás Naftogaz fechasse um acordo com a Rússia, que levou a Ucrânia a pagar cerca de US$ 200 milhões em danos. A política acusa seu rival Yanukovych, que a derrotou por pouco em uma eleição em 2010, de usar o caso para retirá-la da cena política. Essa visão é compartilhada por observadores ocidentais.
A União Europeia afirmou estar "profundamente desapontada" com o veredicto. Segundo a UE, a decisão terá profundas implicações na campanha da Ucrânia de tentar fechar um acordo para ingressar no bloco. "A UE está profundamente desapontada", afirmou uma porta-voz da chefe das Relações Exteriores da UE, Catherine Ashton. "Ela vem após um julgamento que não respeitou os padrões internacionais."
Tymoshenko foi a grande força por trás da Revolução Laranja de 2004, que reverteu uma vitória eleitoral fraudada de Yanukovych. Apesar disso, Yanukovych conseguiu reagir e derrotou por pouco Tymoshenko em 2010, durante uma campanha marcada pelo desencanto público diante dos problemas econômicos e por divergências entre os que depuseram Yanukovych.
Fonte: Dow Jones /Associated Press.
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