Os pais de Renata e Roberta Yoshifusa, assassinadas dentro de casa há um
ano, em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo,
resolveram deixar a cidade. Eles não deverão acompanhar o julgamento do
acusado do crime, o pintor Antônio Carlos Rodrigues Silva Júnior, também
conhecido como Tartaruga, de 30 anos, que está preso.
O júri popular deve ocorrer no primeiro semestre de 2013, segundo o
advogado da família, José Beraldo. De acordo com o defensor, os
comerciantes Rita e Nelson Yoshifusa já estão vivendo fora do estado de
São Paulo. O local exato onde eles tentam recomeçar a vida, porém, não é
revelado por eles. "Estamos destruídos, acabados, sem chão. Precisamos
de paz e nos mudamos para o Nordeste", diz Rita Yoshifusa.
Desde a morte das filhas de 16 e 21 anos, Rita e Nelson Yoshifusa vivem
à base de medicamentos controlados. A mudança de cidade foi, inclusive,
uma recomendação médica, autorizada pelo advogado. “Além de condenar
esse monstro, nossa maior preocupação está em poupar a Rita e o Nelson. A
presença deles não é necessária no julgamento, já que as provas por si
só são suficientes", afirma Beraldo. Rita, no entanto, não descarta
estar presente. "Eu gostaria de ir, mas até lá não sei como vai estar
minha saúde. Tomo muitos calmantes e antidepressivos", conta.
O advogado quer que o acusado também responda pelo crime de fraude
processual. “Nós entendemos que ele alterou a cena do crime ao espalhar
facas pela casa e se autolesionar. Ele é um monstro que sabia o que
estava fazendo, e que em nenhum momento demonstrou arrependimento” diz
Beraldo. Com a inclusão de mais esse crime no processo, a acusação
espera aumentar a pena do pintor e condená-lo a mais de 60 anos.
A defesa, no entanto, lutará para diminuir os anos na prisão e
eventualmente provar que ele não era capaz de entender o que fazia. “Em
nenhum momento se cogitou a insanidade mental dele. O motivo ainda
continua inexistindo” afirma a advogada do pintor, Míriam Basílio Costa.
úri popular
Em março deste ano, o acusado foi ouvido no Fórum de Mogi das Cruzes pelo juiz da 2ª Vara Criminal, Gióia Perini. E confessou os assassinatos. Além dele, os pais das meninas mortas também foram interrogados, mas em dias diferentes. “Na audiência, Nelson gritou pelo nome das filhas, como no dia em que encontrou os corpos das meninas”, diz Beraldo.
Em março deste ano, o acusado foi ouvido no Fórum de Mogi das Cruzes pelo juiz da 2ª Vara Criminal, Gióia Perini. E confessou os assassinatos. Além dele, os pais das meninas mortas também foram interrogados, mas em dias diferentes. “Na audiência, Nelson gritou pelo nome das filhas, como no dia em que encontrou os corpos das meninas”, diz Beraldo.
Depois de ouvir as partes, o juiz decidiu que o pintor irá mesmo a júri
popular. Tartaruga é acusado de ter cometido dois homicídios
triplamente qualificados (motivo torpe, impossibilidade de defesa das
vítimas e meio cruel), dois estupros e abuso de confiança.
O acusado é casado, pai de duas filhas e estudante de engenharia civil.
O curso universitário era pago pelo pai das meninas mortas. Ele não
tinha passagem pela polícia. O pintor tinha uma relação bem próxima com a
família. Era uma pessoa de confiança. Além de amigo, trabalhava há mais
de 15 anos na casa dos Yoshifusa. Para cometer o crime, o pintor
aproveitou que estava sozinho em casa com as irmãs. Segundo a
investigação policial, a ação durou cerca de 45 minutos. Ninguém da
família do pintor quer falar sobre o crime.
Lutando contra a dor
Em sua página no Facebook, a mãe das meninas expõe a revolta com a tragédia ocorrida na família: “Eu criei, alimentei meu pior inimigo, essa ameba humana acabou com todos os sonhos da minha família”.
Em sua página no Facebook, a mãe das meninas expõe a revolta com a tragédia ocorrida na família: “Eu criei, alimentei meu pior inimigo, essa ameba humana acabou com todos os sonhos da minha família”.
Na página de Rita, também é fácil notar o termo Tinkermãe e
Tinkerzinhas. Era dessa maneira carinhosa que mãe e filhas se tratavam,
em referência ao desenho Tinker Bell, a Fada Sininho de Walt Disney.
Pouco tempo depois do crime, a mãe das meninas fez três tatuagens de
fadas em homenagem à memória das filhas.
Na rede social, amigos também se manifestam. Mais de 7 mil pessoas
foram convidadas a assinar uma petição que será entregue à Justiça. O
abaixo-assinado pede pena máxima ao acusado.
Entenda o caso
Na noite do dia 11 de novembro de 2011, Renata de Cássia Yoshifusa, de 21 anos, e Roberta Yuri Yoshifusa, de 16 anos, foram mortas a facadas. O crime ocorreu na casa da família, no bairro Vila Oliveira, área nobre de Mogi das Cruzes. Foi o pai das meninas, Nelson Yoshifusa, que as encontrou mortas na cozinha, assim que chegou do trabalho.
Na noite do dia 11 de novembro de 2011, Renata de Cássia Yoshifusa, de 21 anos, e Roberta Yuri Yoshifusa, de 16 anos, foram mortas a facadas. O crime ocorreu na casa da família, no bairro Vila Oliveira, área nobre de Mogi das Cruzes. Foi o pai das meninas, Nelson Yoshifusa, que as encontrou mortas na cozinha, assim que chegou do trabalho.
Acusado do crime
“Ele me ligou desesperado assim que chegou em casa. Foi uma ligação
rápida, no máximo 2 minutos. A única coisa que falava era que as filhas
tinham sido assassinadas. Fui correndo pra lá e quando cheguei vi aquela
cena chocante”, diz Francisco Del Poente, delegado e amigo de Nelson,
que ajudou nas investigações.
No dia seguinte, Antônio Carlos Rodrigues Silva Júnior, de 30 anos,
confessou o crime à polícia. "Ele demonstrou ser uma pessoa fria, e em
nenhum momento pareceu arrependido”, conta Del Poente.
Além de esfaquear as jovens, o pintor também é acusado de estuprá-las.
Laudos comprovaram a violência sexual. Antes de confessar o crime, o
acusado deu uma primeira versão: a de que a casa havia sido invadida por
três homens. Ele mostrou cortes no corpo para provar a luta corporal
com os criminosos. A tese, no entanto, foi descartada pela polícia.
Tartaruga está preso no Centro de Detenção Provisória de Mogi das Cruzes
desde o crime.
Fonte: G1
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