Um homem suspeito de matar a jovem Clara Rubianny Ferreira, de 26 anos, cujo corpo foi achado em um apartamento em Natal, Rio Grande do Norte, foi preso na noite desta terça-feira (23), na BR-116, na região de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), agentes do serviço de inteligência receberam a informação de que o suspeito viajava em um ônibus interestadual.
Após montar uma operação policial, o suspeito foi encontrado em um veículo que seguia em direção a Belo Horizonte, em Minas Gerais. O suspeito, que é natural de São Paulo, foi encaminhado à delegacia de Vitória da Conquista , onde deve prestar depoimento.
O caso
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte identificou a mulherlocalizada morta, na segunda-feira (22), em um apartamento de Ponta Negra, bairro da zona Sul de Natal. Clara Ferreira tinha 26 anos e era natural de Caruaru, em Pernambuco. Uma tatuagem na perna possibilitou a identificação da vítima, conforme explicou o chefe de investigação da 15ª Delegacia de Polícia, Edson Barreto. O inquérito foi enviado para a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), que já iniciou as investigações.
Clara foi achada enrolada em lençois e sacos plásticos. Um fio elétrico estava em volta do pescoço da vítima. De acordo com o chefe de investigação da 15ª DP, alguns vestígios achados no local do crime indicam que houve consumo de drogas no quarto onde a vítima foi encontrada. "Achamos um prato e uma gilette, que normalmente são usados para esquentar e separar cocaína", ressalta. Um exame toxicológico solicitado ao Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep) deve mostrar se Clara consumiu drogas antes de morrer.
O corpo da vítima foi encontrado após denúncia anônima de moradores de um condomínio de Ponta Negra que reclamavam do mau cheiro vindo do apartamento. Os policiais da 15ª DP arrombaram a porta e acharam o corpo já em decomposição. Antes da descoberta do corpo, Edson Barreto chegou a entrar em contato com o pai de Clara, que mora em Caruaru. "Ele não tinha notícias dela faziam seis dias", conta.
Titular da Deam, a delegada Karen Lopes disse que ainda não pode passar informações sobre o caso para não atrapalhar as investigações. De acordo com ela, quatro pessoas foram ouvidas nesta terça-feira (23).
Dono do imóvel é procurado
O proprietário do apartamento em que Clara foi encontrada já foi identificado e está sendo procurado pela polícia. Ele deixou o prédio por volta das 13h do domingo (21) a bordo de uma Cherokee vermelha e não retornou.
"Segundo as informações que recebemos, o dono do imóvel é paulista de Ribeirão Preto, morava lá há três meses e é usuário de drogas. Nos informaram que ele morava sozinho, mas costumava receber outros usuários de drogas e garotas de programa", explica o chefe de investigação da 15ª DP.
Edson Barreto revelou que uma denúncia já havia sido recebida na última sexta-feira (19) pela Polícia Militar, que esteve no local, porém teve a entrada impedida pelo dono do apartamento. "Como não tinham mandado, os policiais preferiram não arriscar", ressalta.
Turista de SP, estava férias com a família e foi surpreendida por ataque de tubarão na tarde de segunda-feira, na praia de Boa Viagem.
Uma jovem de 18 anos, Bruna Silva Gobbi, morreu na noite de ontem (22) por volta das 23h30, após ter sofrido um ataque de tubarão na praia de Boa Viagem em Recife na tarde do mesmo dia.
A garota que era de SP, e estava de férias com a família, tomava banho de mar acompanhada de uma prima, por volta das 13h, quando o animal a atacou.
Ela foi levada para uma UPA para receber os primeiros socorros, sofreu três paradas cardíacas, teve a perna amputada no Hospital da Restauração, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A falecida e uma prima, foram arrastadas por uma onda e como não sabiam nadar, pediram socorro. Mas o tempo entre o afogamento e o salvamento foi o suficiente para o tubarão estraçalhar a perna esquerda da jovem.
Com esse caso, subiu para 59 o número de ataques registrados pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões.
Policiais que deveriam combater o tráfico de drogas recebiam do crime organizado até R$ 300 mil por ano, de propina. Essa é uma das conclusões da investigação que, esta semana, provocou uma crise na Polícia Civil de São Paulo.
O Fantástico teve acesso exclusivo às escutas telefônicas, que também mostraram: os acusados chegaram a sequestrar parentes dos bandidos pra conseguir mais dinheiro.
Era só de fachada a ação de um grupo de policiais do setor de narcóticos de São Paulo. A conclusão é dos promotores que combatem o crime organizado, em Campinas.
“São pessoas violentas e que deixaram de fazer aquilo que é esperado pela sociedade, que é o combate ao tráfico de drogas”, disse o promotor da Gaeco José CláudioTadeu Baglio.
A denúncia abalou a imagem de um dos setores mais importantes da Policia Civil, o Denarc, que tem a função de reprimir o tráfico no estado.
O Ministério Público apurou que havia um esquema de propina no Denarc. Os investigadores envolvidos exigiam até R$ 300 mil por ano para não prender traficantes.
Treze policiais - entre eles, dois delegados - tiveram a prisão decretada.
O Fantástico teve acesso, com exclusividade, às escutas telefônicas da investigação, que mostram a relação dos acusados com traficantes ligados a um dos bandidos mais perigosos do país: Wanderson de Lima, o Andinho.
De dentro da penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau, Andinho comanda o tráfico na região de Campinas.
Andinho: Eu falo de dia aqui, até as seis, entendeu?
Codorna: Certo.
Andinho: Até as seis e meia, eu falo. Aí depois, o irmão vai lá fala das seis e meia até as dez e meia, onze horas, vamos colocar. Aí da onze horas e eu tô na linha de novo.
Andinho foi condenado pelo assassinato do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, em 2001.
O bandido também participou de uma dezena de sequestros. O último foi o das irmãs Rosana e Sônia, em Americana, interior de São Paulo, em 2002.
O resgate foi dramático! As irmãs estavam amarradas no meio de um matagal. Por esse histórico de crimes, Andinho foi condenado a mais de 400 anos de prisão.
O escândalo, que veio à tona esta semana, começou quando o Grupo de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, estava investigando a quadrilha chefiada por Andinho.
“Em determinado momento descobriu-se que policiais do Denarc estavam vindo à Campinas , tomar dinheiro, extorquir esses traficantes que agiam sobre o comando de Andinho”, destaca o promotor.
Nas escutas telefônicas, um investigador do Denarc, segundo o Ministério Público, ameaça o traficante Agnaldo Aparecido Simão, o Codorna, apontado como gerente do bando de Andinho. O policial quer o dinheiro logo.
Policial: Eu não tenho nada a ver com os outros. Você sabe a minha pegada, você sabe como é que é. Certo? Só que você tá desacreditando
Codorna: Não é senhor, não é. É que não tenho um real mesmo, eu tô sem nada. Eu tô tentando vender tudo ali e não tô conseguindo.
Neste outro trecho, Andinho revela o quanto a quadrilha já pagou aos policiais.
“Os caras falam que estão fazendo negócio com homem e os cara tá dando bote no moleque toda hora, mano. Só do final do ano pra cá o moleque já perdeu mais de 2 milhão pros cara, mano”, disse Andinho.
E diz que agora não vai mais dar dinheiro aos investigadores do Denarc.
“Eu vou falar pra você, cara, se quiser ficar dando dinheiro pra polícia, só que meu dinheiro cê não vai ficar dando não, mano. O dinheiro que eu tinha eu dei. Aí agora tô devendo ainda. Pro cê vê, perdi meu dinheiro e ainda tô devendo, cara” disse Andinho.
A Secretaria de Administração Penitenciária informou que, em maio, apreendeu um telefone na cela de Andinho. E segundo a secretaria, quem é pego nesta situação é punido.
Pra continuar recebendo, de acordo com a investigação, os policiais chegaram a sequestrar parentes dos bandidos .
“Familiares, inclusive, menores de traficantes, dos filhos de traficantes”, destaca o promotor.
O promotor conta: o valor da propina, nesta negociação, era de R$ 200 mil.
Foi o valor que os acusados teriam exigido para libertar a mulher, a filha do casal e duas primas do traficante Codorna .
Codorna: Estou com uns problema aqui, cara, precisava de umas moeda.
Magrelo: Você tá na mão, tá com os cara, aí?
Codorna: Não, não tô sozinho não.
Magrelo: Já era véio, já entendi tudo.
O traficante Aparecido da Silva, o Codorna, foi preso durante a investigação.
No relatório do Gaeco, os policiais do Denarc respondem a mais uma acusação também grave. Duas mulheres da quadrilha que, já estão presas, por tráfico de drogas acusam três investigadores de tortura.
“Colocaram uns anel de choque em mim. Colocaram até o volume 5, mano, nossa! Precisa o que eles fizeram comigo, mano, acabaram comigo, acabaram comigo. E o baixinho me batento, mano, o chefe do bagulho. Sabe, da Denarc? O chefe da Denarc é muito ruim, amigo, me bateu demais, mano”, relata a traficante Janaína.
Os policiais denunciados pelas presas por tortura são: Daniel Bazzan, Sílvio Cesar Videira e Leonel Rodrigues Santos.
Segundo a secretaria de segurança pública de São Paulo, esses três estão foragidos. Junto com Danilo da Silva Nascimento.
Dos treze policiais que tiveram a prisão decretada, sete ainda estão no presídio da polícia
O delegado Clemente Castilhone, um dos homens importantes do Denarc, foi único que até agora saiu da prisão. O promotor afirma que ele teria vazado informações sigilosas da investigação. O advogado do delegado nega a acusação.
“A defesa entende desde o principio que essa prisão era desnecessária. Da parte dele efetivamente, não se poderia cogitar qualquer tipo de vazamento de informação, ele prestou realmente todas as informações que lhe foram solicitadas”, disse o advogado João Batista Augusto Junior.
Segundo o secretário de segurança pública, de janeiro até junho 98 policiais civis já foram demitidos por corrupção e desvio de conduta. Por causa deste escândalo no Denarc, o secretário promete mudanças.
“Daqui pra frente nós queremos que as diligências sejam previamente autorizadas, que haja uma ordem de servi;o pra se fazer um acompanhamento dos locais e das previdências, que estão sendo adotadas e agir com rigor no combate a corrupção”, disse o secretário de estado de segurança pública de SP, Fernando Grella Vieira.
“Exige uma reflexão imediata de todas as autoridades, de toda sociedade. Imagino que não é possível que isso permaneça”, destaca o promotor.
Aelton Freitas é deputado federal pelo PR de Minas Gerais. Em um vídeo exclusivo obtido pelo Fantástico, ele ensina como se disputa uma eleição comprando votos e espalhando boatos sobre os concorrentes.
“Eu tenho uma teoria que eu digo que problema de companheiro meu é problema meu. Acho que política é isso”, diz em um trecho do vídeo.
Antes de ser eleito deputado, ele foi senador, no lugar de José Alencar, que deixou o Senado para assumir a vice-presidência da República, em 2003.
O vídeo obtido pelo Fantástico foi gravado em setembro de 2012, na retal final das eleições para vereador e prefeito. O deputado está em um restaurante em Capetinga, interior do estado.
Na mesa, estão o então prefeito da cidade, Carlos Roberto Custódio, conhecido como Carlito, o candidato a prefeito, Donizete do Escritório, e o candidato a vice, Adriano do Gás. Também estão na mesa as mulheres deles e um assessor do deputado.
“O verdadeiro líder, muitas vezes, é aquele que não faz questão de aparecer”, diz Aelton no vídeo.
O grupo está reunido para receber ensinamentos políticos de Aelton Freitas sobre como uma fazer campanha eleitoral.
Lição número 1: como comprar votos. A técnica do ‘cartãozinho’: “Nós vamos fazer 200 cartõezinhos para prefeito. Não quer dizer nada, 200 cartõezinhos. E nós vamos pegar 20 amigos nossos confiáveis. Quem é da confiança? Vinte. Então você vai ter dez, você vai ter dez, você vai ter dez. Você vai buscar dez companheiros seus lá e que não estão votando no Donizete”.
E quanto vale o voto de um eleitor? Segundo Aelton: “Esse cartãozinho vale R$ 100. O cara não vai votar em você. Vai votar nos R$ 100 que o cartãozinho que está no bolso dele vale. E outra: só vão pagar se tiver sido eleito”.
Lição número 2: como espalhar boatos contra o adversário. É preciso convocar o esquadrão da fofoca: “Vamos buscar três, quatro pessoas dentro do nosso grupo que saiba incomodar o Daniel”, ensina no vídeo.
Daniel Bertholdi era um dos candidatos a prefeito de Capetinga, adversário de Donizete do Escritório.
“Três ou quatro pessoas que possam estar em boteco ou em ponta de rua soltando boato e fofoca. Porque o Daniel tem que desmentir e perder tempo naquilo. Não você. A cúpula da campanha, que está por cima, nem conhece. Baixa o retrovisor e esquece que tem concorrente. Vocês estão indo em uma viagem ao futuro de Capetinga, pronto”, diz.
Depois dessas lições, Aelton explica como retribui a votação recebida: ele usa a verba das chamadas emendas parlamentares para favorecer os municípios onde obteve mais votos: “Um parlamentar tem 12 milhões de emenda por ano. Eu procuro distribuir essas emendas proporcionais aos votos que eu tenho. Eu preciso de 100 mil votos e tenho 12 milhões, eu divido 12 milhões por 100 mil votos. Significa dizer que, a cada mil votos que eu tenho em uma cidade, aquela cidade tem 120 mil meu por ano. Está certo?”.
Capetinga tem pouco mais de 7 mil habitantes e mais de 6.100 eleitores. As eleições de 2012 tiveram quase 5 mil votos válidos. Lá, o eleitor se queixa de abandono das autoridades. “Não tem transporte aqui, uma pobreza lascada”, reclama o pedreiro Antönio Flavio Terra.
“Não tem médico, o posto ficou fechado 15 dias. O posto aqui não funciona sábado e domingo”, conta a aposentada Regina Rodrigues da Silva.
Um homem que trabalhou para o então candidato Donizete do Escritório, apoiado pelo deputado federal, confirma que a campanha comprou votos, sim. usando a técnica do cartãozinho.
Repórter: Você chegou a distribuir cartões?
Testemunha: Cheguei. Cheguei a distribuir.
Repórter: Quem te deu o cartão para distribuir?
Testemunha: O próprio Donizete.
No vídeo, o deputado federal afirma que o dinheiro só pode ser pago depois da vitória do candidato. Mas uma eleitora afirma que Donizete, que acabou perdendo a eleição, estava tão convencido da vitória que pagou adiantado: “O candidato Donizete pensou que já tinha ganhado a eleição. Aí ele resolveu pagar o pessoal uma semana antes porque ele ‘contou’ vitória”.
Ela diz também que recebeu R$ 100 a mais que o valor sugerido pelo deputado no vídeo. “Eu ganhei 200 reais no cartãozinho”.
Repórter: O voto era comprado de outras formas?
Testemunha: De várias formas. Uma conta de água paga, uma conta de luz paga, um táxi, uma consulta com um médico, uma cesta básica.
Eleitores dizem que a compra de votos é comum na região. “Dá cesta básica, dá material de construção, dá bujão de gás, dá o que pede”, diz uma aposentada.
“Já aconteceu isso em várias eleições”, afirma um trabalhador.
“A única coisa que os candidato sabem fazer aqui é pagar bebida para Deus e todo mundo. Paga à vontade. Menino, mulher, velho, velha, menina, todo mundo”, garante a aposentada Regina.
O candidato a prefeito de Capetinga, Donizete do Escritório, nega tudo: “Nós não usamos isso aí. Estava confiante que ia ganhar, estava bem na frente das cotações. Então não tinha nem motivo para isso”, afirma.
O candidato a vice, Adriano do Gás, que também estava na reunião, alega que a aula de falcatrua gravada em vídeo era sobre outras cidades: “Teve caso de contar história, sim, em outros municípios, mas isso totalmente rejeitado por nós porque é uma prática ilusória. Você está comprando aquilo que você não sabe”, diz.
O Fantástico tentou falar com o então prefeito, Carlos Roberto Custódio, o Carlito, que também estava na reunião. “Ele está viajando. Nem telefone eles levaram”, respondeu uma mulher.
Uberaba é a principal base eleitoral do deputado Aelton de Freitas. O Fantástico também foi até o local e mostrou o vídeo para ele.
“Em reuniões fechadas, quando a gente faz com um grupo de companheiros, de repente a gente fala muita coisa que não deve, que não pode. O que eu falei ali foi em uma reunião fechada, entre companheiros, que nem gravando eu sabia que estava”, explicou.
O vídeo contradiz o deputado: por duas vezes, Aelton Freitas se mostra preocupado com a gravação. “Se a eleição estiver fácil, é uma coisa. Se não estiver, são estratégias que nós temos. Você é bem companheiro? Porque ele está gravando”, avisa em um trecho.
A segunda é logo na sequência da explicação da técnica do cartãozinho. “Vai votar nos R$ 100 que o cartãozinho que está no bolso dele vale. E outra: só vai pagar se tiver sido eleito. Por isso que eu perguntei se está gravando, se é bem companheiro, porque é uma tacada”.
“Tinha uma pessoa com a câmera, outra com máquina fotográfica, outro com celular. Falei: ‘aqui é tudo companheiro? Posso falar o que eu penso?’ ‘Pode, não estão gravando’”, ele justifica.
O deputado nega que tenha ensinado a comprar votos na eleição municipal de Capetinga e afirma que jamais comprou votos: “Eu nunca participei, eu nunca comprei. Estou há 20 anos na política, nunca comprei”.
Segundo ele, tudo não passou de brincadeira. “Fiz alguma brincadeira, que eu sou muito de contar piada em reuniões, depois pedi desculpas no final da reunião pelo que eu tinha falado e pelas brincadeiras de mau gosto, me despedi e fui embora. Porque, quando é brincadeira, pode fazer de mau gosto, igual quando você brinca, às vezes, com a raça, com a cor de uma pessoa, você conta uma piada pesada, aquilo pode se tornar um processo”.
No vídeo, o deputado também ensina como se deve atacar, com boatos e fofocas, a reputação dos adversários. Primeiro, o deputado diz que isso é normal.
Aelton: Isso é natural, é igual jogo. É um jogo, campanha é um jogo.
Repórter: Isso é natural na política?
Aelton: Na campanha.
Repórter: Difamar o adversário? É natural na campanha?
Aelton: Não, não é. Prefiro falar o que você quer ouvir: não é.
A pena pra quem compra votos pode chegar a quatro anos de prisão, mais multa. Já os crimes de calúnia, difamação ou injúria podem dar de 3 meses a 2 anos de prisão e também multa.
Segundo Arnaldo Versiani, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, o vídeo por si só não prova que qualquer crime tenha sido cometido.
“Isso a meu ver não está caracterizado. O que há, de certa maneira, é uma incitação a práticas criminosas, como por exemplo, fazer com que eventuais adversários passem a se preocupar com desmentir boatos e, com isso, tentar conturbar o processo eleitoral”, explica o ex-ministro.
“Ele está induzindo os candidatos a vereador ou a prefeito a cometerem uma ilegalidade. Então, na minha forma de ver, eu entendo que ele já se enquadraria para ir para a Comissão de Ética da Câmara”, avalia Ricardo Caldas, professor do Instituto de Ciência Política da UNB.
“Ele usa o critério de onde ele tem votos e onde ele quer ter mais votos. Quer dizer: o interesse público muitas vezes pode passar ao largo”, diz Gil Castelo Branco, secretário geral da ONG Contas Abertas.
A Câmara e o Senado estão em recesso. Uma cópia do vídeo foi entregue anonimamente ao Ministério Público em Minas, que enviou o material para a Procuradoria Geral da República.
“O eleitor está desiludido com político. A nossa moral está lá embaixo”, destaca Aelton em um trecho do vídeo.
Nove policiais civis, um policial militar e um ex-PM foram denunciados à Justiça por abuso de autoridade, tortura e supressão de documentos. A denúncia partiu dos Núcleos de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial e de Combate à Tortura, do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e dizem respeito à investigação do triplo homicídio ocorrido em 28 de agosto de 2009, na 113 Sul, conhecido como Caso Villela e marcado pela brutalidade, mistério e as indas e vindas da Polícia Civil do Distrito Federal, que expôs investigados — alguns já comprovadamente inocentes — e não convenceu a opinião pública do desfecho da apuração.
Maria Villela e José Guilherme Villela foram assassinados em 2009 na 113 sul
Na 28 de agosto de 2009, foram mortos o renomado advogado e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela; a mulher dele, a também advogada Maria Villela; e uma das empregadas do casal, Francisca da Silva. O triplo assassinato ocorreu no apartamento da família Villela, mas os corpos só foram encontrados um dia depois, pela neta do casal e um ex-namorado dela, policial civil.
Sete dos denunciados pelo MPDFT na última quarta-feira (17/7) — a denúncia foi tornada pública na tarde desta quinta-feira (18/7) — participaram da prisão de Leonardo Campos Alves, acusado de participação do crime na 113 Sul. A prisão ocorreu em Montalvânia (MG), em 15 de novembro de 2010, na investigação paralela conduzida pela 8ª Delegacia de Polícia (SIA).
Delegado da unidade, José Roberto Soares Batista foi denunciado por abuso de autoridade, tortura e supressão de documentos; os agentes Sidney Pacheco Monteiro, Edi Vânia Santana, Helton Lopes Tavares, Edelviges Felipe de Oliveira Neto, Maria do Socorro Pinto e o policial militar José Leôncio de Araújo por abuso de autoridade e tortura. Já os agentes José Raimundo Mendes de Carvalho, Keve Joaquim Amancio da Gama, Joaquim Ezequiel Machado e o ex-agente Estanislau Dantas Montenegro foram denunciados por tortura.
Entenda o caso
Inicialmente, o crime foi investigado pela 1ª Delegacia de Polícia, por ter ocorrido na Asa Sul. No entanto, em decorrência de várias suposta irregularidades cometidas durante o trabalho, a Direção da Polícia Civil do DF (PCDF) instituiu uma comissão para dar continuidade às investigações, que durou pouco tempo. Logo o caso passou para a Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida).
Por causa da investigação da 1ª DP, em maio do ano passado, a delegada Martha Vargas, chefe da unidade à época da apuração do crime da 113 Sul, foi denunciada pelo MPDFT por falsidade ideológica, fraude processual, denunciação caluniosa, violação de sigilo funcional, favorecimento pessoal e tortura.
Martha Vargas é acusada de ter usado uma vidente para apontar provas contra os então supostos assassinos. Ela é suspeita de tentar obter uma confissão falsa no mesmo inquérito. Como titular da 1ª DP (Asa Sul), teria ainda produzido provas ilegais e plantado evidências no caso Villela.
Mas a 8ª DP decidiu fazer uma investigação paralela, após um suposto ex-presidiário, "indignado com a crueldade do crime", ter procurado a unidade policial para informar que teve conhecimento no presídio acerca dos autores do triplo homicídio. Dessa forma, a delegacia passou a fazer diligências, mesmo sem ter atribuição territorial e regimental para investigar o delito.
O então delegado Elivaldo Ferreira de Melo, sob o comando da delegada Deborah Souza Menezes, formulou pedido de prisão temporária de Leonardo Campos Alves, bem como busca e apreensão na residência do suspeito, em Montalvânia, e na de sua filha Michelle da Conceição Alves, no Recanto das Emas. O pedido foi aceito pela Justiça do DF, mesmo sem o depoimento obrigatório ao Ministério Público.
Com os mandados expedidos, a delegada Deborah Menezes encaminhou os agentes da 8ª DP Sidney Pacheco Monteiro, Edelviges Felipe de Oliveira Neto, Helton Lopes Tavares, Maria do Socorro Pinto e Edi Vânia Santana, além do delegado José Roberto Soares Batista, à cidade mineira. O sargento da PM do DF José Leôncio também integrou a equipe.
Segundo a denúncia do MPDFT, o então diretor-geral da PCDF, Pedro Cardoso, e o diretor do Departamento da Polícia Circunscricional, André Victor do Espírito Santo, tinham conhecimento do fato. Em 15 de novembro de 2010, os policiais efetuaram a prisão de Leonardo Campos Alves, na casa de sua sogra, sem as formalidade legais. Os policiais colocaram a vítima no veículo, cobriram a sua cabeça com um pano escuro e o conduziram até a sua casa para realizar a busca e apreensão.
"Nas diligências, objetos foram quebrados e um tiro disparado dentro do imóvel, ainda de acordo com o MPDFT. A vítima foi levada até Manga, também em Minas Gerais. O objetivo era mantê-la incomunicável e distante de seus familiares e conhecidos. No trajeto, os policiais levaram Leonardo Alves para um matagal e constrangeram-no com emprego de violência e grave ameça, causando-lhe sofrimento físico e mental, a fim de obter a confissão do triplo homicídio.
Na tarde do mesmo dia, após socos e ameaças de morte, a vítima confessou a participação no delito, sem dar detalhes. Insatisfeitos, os policiais levaram Leonardo Alves à cidade de Montes Claros (MG). No caminho, ele foi mais uma vez torturado. Enquanto isso, sua filha Michelle, no Recanto das Emas, também era vítima dos policiais José Raimundo de Carvalho, Keve Joaquim da Gama, Joaquim Ezequiel Machado e do ex-agente Estanislau Montenegro. Colocaram Alves em contato com Michelle e informaram que ela tinha sido sequestrada. Diante disso, ele apresentou a versão supostamente verdadeira do crime", afirma o MPDFT por meio da nota enviada pela sua assessoria de comunicação.
Ainda de acordo com o Ministério Público, em 17 de novembro de 2010, o delegado José Batista e os agentes Maria do Socorro, Edelviges Felipe Neto e o PM José Leôncio foram até a delegacia de Montalvânia colher depoimento do detento Paulo Cardoso Santana. Os policiais pediram para a vítima confessar o crime da 113 Sul, pois Leonardo Alves já tinha falado sobre a participação dos dois no triplo homicídio. Sob tortura, ele confirmou a história.
Á época, sem dar detalhes das diligências, a direção da PCDF divulgou a investigação paralela da 8ªDP e o seu desfecho como algo positivo, como se o caso estivesse resolvido.