Na terça-feira passada (18), a estudante Anna Carolina Veiga Martins chegou ao Hospital Icaraí, em Niterói,
na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, acompanhada do pai e da mãe,
para fazer uma cirurgia de retirada de um cisto no ovário. Anna, de 14
anos, estava saudável e “cheia de vida”, como conta a mãe dela, a
promotora de vendas Patrícia Aparecida Veiga dos Santos Martins, de 33
anos. A jovem, no entanto, morreu na manhã de quarta-feira (19). Anna
era a filha única de Patrícia e do taxista Antônio Carlos Martins, de 41
anos.
Desesperada, a mãe de Anna publicou um protesto no Facebook: “Minha
filha chegou ao Hospital Icaraí viva, bem e cheia de saúde. Saiu de lá
morta, direto para o IML [Instituto Médico Legal], por negligência
médica. Sei que não terei meu bem mais precioso de volta, mas clamo por
justiça!” Até esta segunda-feira (24), segundo a família, o hospital
ainda não havia fornecido o laudo da causa da morte de Anna Carolina. No
fim da tarde, o pai da estudante foi até a delegacia para registrar um
boletim de ocorrência.
“Minha filha entrou na sala de cirurgia feliz e alegre, me dando
tchau”, contou Patrícia no Facebook. “Entrou para fazer uma cirurgia
simples, e saiu cuspindo sangue”, complementou a mãe da menina, em
entrevista ao G1.
O pai de Anna conta que, logo após a cirurgia, a jovem foi transferida
para um quarto. “Ela disse que queria voltar para casa. Estava tudo bem:
ela estava sorrindo e chegamos a tirar fotos”, conta Antônio. “O que eu
quero é justiça. Só quero resolver isso. Passei o dia todo tentando
conseguir um documento no hospital e nem isso consegui”, esbravejou o
pai. De acordo com Patrícia, no atestado de óbito fornecido pelo
Hospital Icaraí, está escrito: “Causa da Morte: aguardando informações
hospitalares e exames laboratoriais.”
O G1 entrou em contato com o Hospital Icaraí na tarde
desta segunda-feira. Uma atendente do setor de Internação Eletiva, que
se identificou apenas como Lilian, perguntou: “É sobre a morte da
loirinha?” Em seguida, disse que a responsável pelo setor não poderia
atender, pois estava em uma reunião.
Mãe conta que nenhuma enfermeira chamou médicos
Patrícia conta que, logo antes da cirurgia, já ficou um pouco incomodada ao ser informada de que a anestesia administrada à filha seria geral, em vez de peridural ou raquidiana. “Era uma cirurgia feita por vídeo. Mas ela chegou a ser entubada”, contou a mãe. “A Anna saiu da sala de cirurgia por volta de umas 19h. Estava dizendo que a garganta estava doendo muito”, recorda a mãe. “As 20h30, o médico que a examinou perguntou: ‘Anna, você está bem?’ Ela respondeu: ‘Estou, mas a garganta dói.’ Em seguida o médico disse: ‘Amanhã de manhã venho aqui para dar alta a ela’”, complementou.
Patrícia conta que, logo antes da cirurgia, já ficou um pouco incomodada ao ser informada de que a anestesia administrada à filha seria geral, em vez de peridural ou raquidiana. “Era uma cirurgia feita por vídeo. Mas ela chegou a ser entubada”, contou a mãe. “A Anna saiu da sala de cirurgia por volta de umas 19h. Estava dizendo que a garganta estava doendo muito”, recorda a mãe. “As 20h30, o médico que a examinou perguntou: ‘Anna, você está bem?’ Ela respondeu: ‘Estou, mas a garganta dói.’ Em seguida o médico disse: ‘Amanhã de manhã venho aqui para dar alta a ela’”, complementou.
Mas, segundo a mãe, a filha continuou reclamando de dores da garganta.
“Quando a enfermeira entrou no quarto, umas 21h, a Anna falou assim: ‘Se
for para dormir, não me dá medicamento, porque eu quero ficar
acordada.’ Parecia que ela já previa algo”, conta Patrícia.
Segundo a mãe, a enfermeira explicou que iria apenas aplicar dipirona,
para aliviar as dores. “Então, fiquei despreocupada porque a Anna tomava
Novalgina (que contém a substância dipirona). Quando a enfermeira
injetou a dipirona, a Anna apagou. Ela desmaiou”, lembra.
Daí em diante, a mãe conta que a filha foi piorando, com a respiração
cada vez mais ofegante e soltando uma espuma branca pela boca. “Teve uma
hora que peguei a mão da enfermeira e botei no peito da Anna, perto do
coração. Perguntei: ‘Isso é normal?’ Era um barulho estranho, como se
fosse uma torneira. A enfermeira me disse: ‘Deve ser a secreção. Isso é
normal, por causa da anestesia,’”, conta Patrícia, ressaltando que em
nenhum momento as enfermeiras cogitaram chamar um médico. “Às 2h, a
enfermeira deu outro medicamento, aplicado no soro, que eu não sei qual
era”, acrescenta a mãe. Mas a menina só piorava.
“Quando deu 5h, pedi: ‘Chama o médico pelo amor de Deus!’”, lembra a
mãe. Só neste momento ela foi atendida pela enfermeira. “Quando chegou, a
própria médica falou: ‘Isso não é normal! Por que não me chamaram
antes?’”, recorda Patrícia.
A mãe conta que chegaram a tentar reanimar a filha dela, que foi levada
para uma unidade de tratamento intensivo (UTI), onde teve a segunda e
fatal parada cardiorrespiratória. “Um médico que chegou depois, chorou.
Depois, ele voltou para me perguntar o que aconteceu a noite toda”,
conta Patrícia. "Tiraram cerca de 500 mililitros de sangue do pulmão
dela. Eu só estudei até o segundo grau e nunca passei por isso. Eu não
entendo. Não sei o que aconteceu”, finalizou a mãe.
Fonte: G1
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