LA PAZ, 24 AGO (ANSA) - O governo da Bolívia mostrou-se incomodado com as ligações telefônicas que um funcionário da Embaixada dos Estados Unidos em La Paz realizou a líderes do movimento indígena que protestam contra a construção de uma estrada em uma reserva natural.
A denúncia foi feita pelo próprio presidente Evo Morales no último domingo. Segundo o mandatário, um diplomata teria ligado para três lideranças indígenas que participam dos protestos.
O ministro da Presidência, Carlos Romero, que ocupa atualmente o cargo de chanceler interino, se reuniu hoje com o conselheiro da embaixada norte-americana, William Mozdzierz.
Romero manifestou o "mal-estar" e a "profunda contrariedade" das autoridades bolivianas com o fato de que tenham sido feitas "comunicações diretas, sem acudir em primeiro lugar ao Estado boliviano, a Chancelaria, que é a interlocutora direta".
Segundo o ministro, Mozdzierz teria admitido a ocorrência das ligações, que incluíram conversas com alguns analistas com o "objetivo de obter informação sobre a situação do país", e identificou o funcionário da embaixada que realizou os contatos.
O titular da Presidência boliviana, que considerou o "procedimento" impróprio de "uma relação bilateral que respeita a soberania de um Estado", pediu ao representante norte-americano um relatório sobre as ligações.
O governo boliviano considera que os telefonemas violaram a Convenção de Viena sobre privilégios e imunidades e a obrigação de um Estado de "não se imiscuir em assuntos internos" de outro Estado.
O diplomata norte-americano, porém, teria assegurado ao ministro boliviano, segundo o próprio Romero, que essa não era a intenção da Embaixada. Ao sair da reunião, Mozdzierz reiterou que seu governo "não tem nada a ver com a marcha indígena" e que pretende "melhorar as relações" dentro do "respeito mútuo".
No entanto, um dia antes da reunião com o ministro boliviano, a Embaixada norte-americana defendeu, em comunicado, que o diálogo com diversos setores é um "trabalho cotidiano da diplomacia" considerado "usual e apropriado".
Em 15 de agosto, os indígenas iniciaram uma marcha de Trinidad a La Paz em rechaço à construção da segunda parte da rodovia Villa Tunari-San Ignácio de Moxos, que corta ao meio a reserva natural TIPNIS e cuja responsabilidade é da empresa brasileira OAS, financiada pelo também brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
A bancada parlamentar do partido governista Movimento Ao Socialismo (MAS) decidiu formar uma comissão "multipartidária" para investigar as ligações entre a diplomacia norte-americana e os dirigentes da marcha indígena. O resultado da apuração pode levar a possíveis processos contra os líderes sociais. (ANSA)
A denúncia foi feita pelo próprio presidente Evo Morales no último domingo. Segundo o mandatário, um diplomata teria ligado para três lideranças indígenas que participam dos protestos.
O ministro da Presidência, Carlos Romero, que ocupa atualmente o cargo de chanceler interino, se reuniu hoje com o conselheiro da embaixada norte-americana, William Mozdzierz.
Romero manifestou o "mal-estar" e a "profunda contrariedade" das autoridades bolivianas com o fato de que tenham sido feitas "comunicações diretas, sem acudir em primeiro lugar ao Estado boliviano, a Chancelaria, que é a interlocutora direta".
Segundo o ministro, Mozdzierz teria admitido a ocorrência das ligações, que incluíram conversas com alguns analistas com o "objetivo de obter informação sobre a situação do país", e identificou o funcionário da embaixada que realizou os contatos.
O titular da Presidência boliviana, que considerou o "procedimento" impróprio de "uma relação bilateral que respeita a soberania de um Estado", pediu ao representante norte-americano um relatório sobre as ligações.
O governo boliviano considera que os telefonemas violaram a Convenção de Viena sobre privilégios e imunidades e a obrigação de um Estado de "não se imiscuir em assuntos internos" de outro Estado.
O diplomata norte-americano, porém, teria assegurado ao ministro boliviano, segundo o próprio Romero, que essa não era a intenção da Embaixada. Ao sair da reunião, Mozdzierz reiterou que seu governo "não tem nada a ver com a marcha indígena" e que pretende "melhorar as relações" dentro do "respeito mútuo".
No entanto, um dia antes da reunião com o ministro boliviano, a Embaixada norte-americana defendeu, em comunicado, que o diálogo com diversos setores é um "trabalho cotidiano da diplomacia" considerado "usual e apropriado".
Em 15 de agosto, os indígenas iniciaram uma marcha de Trinidad a La Paz em rechaço à construção da segunda parte da rodovia Villa Tunari-San Ignácio de Moxos, que corta ao meio a reserva natural TIPNIS e cuja responsabilidade é da empresa brasileira OAS, financiada pelo também brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
A bancada parlamentar do partido governista Movimento Ao Socialismo (MAS) decidiu formar uma comissão "multipartidária" para investigar as ligações entre a diplomacia norte-americana e os dirigentes da marcha indígena. O resultado da apuração pode levar a possíveis processos contra os líderes sociais. (ANSA)
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