A reconstrução do rosto de Oziel de Oliveira, que perdeu metade da face
após um tumor, deve ser um processo lento, composto por diversas
cirurgias, segundo o médico responsável pela equipe que trata o jovem.
Oziel ficou conhecido após publicar um vídeo na internet pedindo ajuda
financeira para o tratamento médico. O jovem de 22 anos precisa
reconstruir o rosto, bastante afetado por um tumor na boca. Depois de
arrecadar mais de R$ 100 mil em doações, ele foi sequestrado no último domingo (22), em Lucas do Rio Verde (MT), e libertado pela polícia na manhã de segunda.
O jovem tinha 11 anos quando foi diagnosticado com o câncer. O tumor
foi removido e não representa nenhuma ameaça para a vida de Oziel, mas
ele perdeu ossos e "tecidos moles" – termo médico que descreve partes
como a gengiva e a mucosa interna da boca.
Desde então, Oziel junta dinheiro para as operações que tentarão
recuperar a estrutura de sua face. Paulo Leal, cirurgião
bucomaxilofacial do Instituto Face a Face, em São Paulo, líder da equipe
que cuida do jovem, explicou que o processo é "lento" e "muito
difícil".
Serão feitas várias cirurgias, mas ainda não é possível prever quantas,
porque isso depende da reação do paciente a cada operação. Ainda não há
data para a primeira delas.
A ideia da equipe médica é retirar ossos e pele de outras regiões do
corpo para reconstruir as partes do rosto perdidas no câncer – placas e
parafusos de titânio também podem ser usados. No entanto, Leal afirma
que ainda faltam tantos passos para a reconstrução que não é possível
entrar em detalhes sobre quais técnicas podem ou não funcionar nesse
caso.
Além de cirurgiões bucomaxilofaciais, a equipe que cuida do caso conta
ainda com especialistas em cirurgia plástica e cirurgia de cabeça e
pescoço.
“O processo cirúrgico não é ciência exata”, disse o médico ao G1.
Por isso, não é possível dar uma previsão de tempo, nem mesmo do
sucesso da reconstrução. “É um processo muito difícil, a gente vai fazer
a reconstrução da melhor maneira possível”, disse Leal.
“O sequestro não mudou em nada a programação. A gente não pode acelerar o processo”, comentou ainda o médico.
'Caso desafiador'
Gabriel Pastore, diretor do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, que não faz parte da equipe, classificou o quadro de Oziel como “um caso desafiador”.
Gabriel Pastore, diretor do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, que não faz parte da equipe, classificou o quadro de Oziel como “um caso desafiador”.
Para Pastore, a cirurgia reparadora pode ter diferentes funções. “A
expectativa aqui é devolver função”, analisou, pensando mais no conforto
do paciente para comer e falar, por exemplo, do que na questão
estética. “Aos poucos, você vai trazendo a autoestima dele de volta”,
apontou.
O médico afirmou ainda que, além dos enxertos de ossos e tecidos moles,
o caso pode requerer a aplicação de uma prótese bucomaxilofacial, que
serviria para substituir o nariz e o lábio superior de Oziel.
Fonte: G1
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