Médico é uma profissão designada para salvar vidas, mas muitas vezes, por despreparo ou descuido, esses profissionais acabam invertendo a função e levam pacientes à morte. Por ano, o Conselho Nacional de Medicina (CFM) recebe em torno de 800 denúncias de erros médicos, abusos na publicidade médica, comportamento antiético, conflitos com pacientes ou profissionais, entre outras condutas duvidosas.
A atendente Adriana Dias dos Santos, 35 anos, e sua irmã Taís Cristine Dias dos Santos, 36, passaram por momentos de desespero quando internaram a mãe, Joana Dias dos Santos, 59, no Hospital Regional de Arraias (TO), para retirada de um cisto no ovário pelo médico José Viana, ex-deputado estadual. A família acusa o profissional de erro médico, por ter perfurado o intestino de Joana. O erro atribuído ao médico, agravou o quadro de saúde da paciente, levando-a à morte.
Era apenas a retirada de um cisto no ovário
Tudo começou no início de maio, quando Joana saiu de Arraias, no Tocantins, cidade onde morava, para vir à Brasília fazer exames de saúde. Aqui Joana, de 59 anos, descobriu que estava com um cisto no ovário. Na época, havia sido acertado que a paciente faria a cirurgia em Brasília, mas ao voltar para Arraias, antes da data marcada para a cirurgia, Joana resolveu mostrar os exames ao médico e amigo José Viana que se colocou à disposição para, ele próprio, fazer a cirurgia no Hospital Regional de Arraias. “Ela não quis nos dar trabalho aqui em Brasília e resolveu ficar por lá mesmo”, disse Taís.
A cirurgia e a dieta
A cirurgia foi então marcada para o dia 4 de julho deste ano. Taís viajou para Tocantins para ajudar na recuperação da mãe. Começava ali a agonia da família. Uma intervenção cirúrgica que normalmente demora 50 minutos, durou quatro horas. Depois disso, o médico pediu para a paciente ficar em dieta zero por três dias, apenas tomando soro. Dois dias depois, José Viana mandou Joana ficar mais cinco dias sem ingerir alimentos e, ao mesmo tempo, suspendeu o soro, pois a paciente já estava muito inchada. “Ele justificou essa dieta zero, dizendo que houve uma aderência do cisto no intestino e que ele havia feito uma raspagem no intestino dela”, declarou Adriana.
Perfuração no intestino
Segundo as filhas, o parecer de José Viana atestando que Joana estava bem de saúde, sem mencionar a perfuração no intestino, provocou demora para os médicos de Brasília atuarem. Como o parecer do profissional de Tocantins dizia que ela estava bem, os médicos não quiseram acreditar nos familiares e preferiram aguardar. “O médico de Brasília falou que se o José Viana tivesse escrito no parecer que havia perfuração, ele teria aberto minha mãe na hora”, relatou as filhas.
A volta
Taís e seus três irmãos acompanhavam desesperados o sofrimento da mãe. “Ela dizia assim para mim: ‘Filha, em vez de um pouco de água, me traz água de coco, pois estou com muita fome’”, relatou Taís emocionada. No dia 7 de julho, três dias após a cirurgia, os filhos aflitos os filhos resolveram tirá-la do hospital e trazê-la para Brasília, para um hospital particular. Segundo Adriana, o diretor do Hospital de Arraias, o médico João Carlos, dificultou a retirada de Joana do hospital.
A família teve que custear a viagem da paciente. “Nós contratamos ambulância e enfermeiros e conseguimos trazê-la para Brasília. E só tiramos ela de lá porque o médico falava que ela estava super bem, mas visivelmente a gente via que era mentira”, disse Adriana.
O calvário de Joana
Joana dos Santos só foi voltar para a sala de cirurgia em 11 de julho, quando a equipe médica constatou que ela havia sofrido perfuração do intestino grosso em mais de um lugar. Os médicos retiraram cerca de três litros de fezes que haviam vazado no intestino da pacientea. Após a limpeza da secreção e finalizado o procedimento, Joana foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Só que, pelo tamanho da perfuração e pelo tempo que ficou vazando fezes do intestino, ela teve uma infecção generalizada”, contou Taís. O quadro de Joana foi se agravando durante a semana e ela veio a falecer no dia 16.
Justiça
Justiça
Os filhos de Joana denunciaram o caso ao Ministério Público e ainda pretendem processar criminalmente os responsáveis pelo caso. “Vamos responsabilizar o médico pela imperícia dele e o diretor pela negligência”, afirmou Adriana. No dia 4 de agosto, o corpo de
Joana dos Santos foi exumado para uma perícia técnica. O processo corre em segredo de Justiça.
A promotora da 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários do Serviço de Saúde, Natália do Carmo Rios dos Santos, explica que existe uma comissão especial para cuidar das denuncias de cidadãos que se sentem lesionados por condutas médicas.
Ela também aconselha a população a procurar o Conselho Regional de Medicina para denunciar o médico pela má conduta ética exercida por ele.
Por meio de nota à imprensa, a Secretária de Saúde do Estado de Tocantis (Sesau) afirmou que a paciente apresentou, no pós-operatório, estado de saúde favorável. E que a responsabilidade pela retirada de Joana do hospital foi somente da família, conforme termo assinado. “Sobre ocorrências posteriores, a Sesau já prestou esclarecimentos ao Ministério Público Estadual”, diz a nota.
O médico José Viana não atendeu as ligações feitas pelo Alô. Segundo informações, o profissional está em campanha política. É candidato a prefeito da cidade de Arraias.
Fonte:AloBrasília
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