quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Agredida no trânsito quer que mulher de motorista também seja indiciada

A publicitária Jessica Otte, de 24 anos, que diz ter sido agredida por um casal após uma discussão de trânsito na região dos Jardins, em São Paulo, no sábado (23), afirmou nesta quarta-feira (27) querer que a mulher também seja indiciada. Ao contrário do marido, que responderá pelos crimes de lesão corporal dolosa e dano, ela seria ouvida pelos investigadores apenas como uma testemunha do caso, segundo a Polícia Civil.

A notícia de que a mulher não seria indiciada pegou de surpresa a vítima, que disse não concordar com os rumos da investigação. Segundo Jessica, a mulher participou da agressão e deveria responder judicialmente pelas mesmas acusações que o marido. A publicitária afirmou que, se necessário, vai registrar um novo boletim de ocorrência, reafirmando a acusação. Ela também pretende mover um processo por danos morais contra o casal.
A delegada do 15º Distrito Policial da capital paulista, Lígia Dulce Pimentel, responsável pela investigação do caso, espera receber, ainda nesta quarta-feira, imagens de câmeras de segurança de lojas e estabelecimentos próximos que possam ter registrado o momento da agressão. Imagens das câmeras do estacionamento da Escola Panamericana de Artes estão entre as requisitadas pela polícia.
O suspeito foi identificado pela polícia nesta terça-feira (26) a partir do número da placa de seu veículo, uma picape Hilux, que foi fotografado por Jessica. Segundo a delegada, o acusado já constituiu advogado, mas ainda não se pronunciou sobre o ocorrido. Ele deve prestar depoimento até o fim desta semana. 

A identidade do homem não foi revelada pela polícia, que se limitou a informar que ele é um empresário, tem cerca de 50 anos, e é dono de um posto de gasolina na região do Morumbi, na Zona Sul da cidade.
A publicitária vítima da agressão apresentou representação formal contra o suspeito na segunda-feira (25) e realizou exame no Instituto Médico-Legal (IML)  para comprovar as agressões, o que tornou possível instaurar o inquérito policial. O G1 não conseguiu localizar o suposto agressor para comentar o caso.
Agressão
A publicitária conta que foi agredida com socos e empurrões por um homem e uma mulher após uma discussão de trânsito. Jessica afirma que o agressor “teve um acesso de raiva” porque, segundo ele, ela estaria andando muito devagar pela faixa da esquerda.

A jovem seguia de carro com a companheira Amanda Carbone, de 28 anos, em direção ao shopping Ibirapuera, onde pretendiam fazer as compras de Natal para a família. O plano das duas, porém, foi interrompido no meio do caminho.
A história foi contada pela vítima no Facebook e a postagem ganhou destaque na rede social nos últimos dias, com mais de 16 mil compartilhamentos. O caso foi registrado no 15º Distrito Policial da cidade, no Itaim Bibi, como colisão entre automóveis e lesão corporal.
Jessica dirigia o carro e, logo que voltou a acelerar o veículo depois de parar em um dos semáforos da Rua Groenlândia, começou a ser incomodada por um motorista, de aparentemente 50 anos, que vinha logo atrás e queria ultrapassá-la. Ela ocupava a faixa da esquerda, das três existentes na rua.
A publicitária afirma que estava em uma velocidade compatível com os limites da via, mas que mesmo assim tentou deixar o homem, que dirigia uma picape Hilux, passar. No entanto, devido à visibilidade ruim, já que chovia muito no dia, e à presença de outros carros na pista, ela não conseguiu trocar de faixa.
De acordo com a vítima, o motorista, irritado por não conseguir a ultrapassagem, começou a sinalizar com farol alto. Assim que os carros pararam novamente, no semáforo entre a Rua Groenlândia e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, o homem colou o para-choque da picape na traseira do carro de Jessica e começou a buzinar, mesmo com o sinal ainda no vermelho.
Jessica conta que, ao som das muitas buzinadas, colocou o braço para fora e apontou para o semáforo vermelho. Segundo ela, como quem dizia “não tenho o que fazer”. O motorista, então, teria perdido a cabeça, engatado a ré e depois acelerado, colidindo contra o Fiesta onde estavam as duas mulheres. Ele teria feito isso ainda mais uma vez, segundo a publicitária.
Depois das batidas, Jessica desceu do veículo para tirar satisfação. Ela afirma que o homem começou, então, "a xingar tudo quanto era nome e fazer ironias, dizendo que eu estava de ‘conversinha’ com a minha esposa”. Sem diálogo, ela resolveu tirar fotos da colisão e também da placa da Hilux. Ao ver que a jovem fotografava o número de sua placa, o motorista lhe desferiu um soco no rosto e empurrões. Para Jessica, as agressões não tiveram motivos homofóbicos.
Com as agressões, a jovem se desequilibrou, mas não chegou a ir ao chão. Segundo a companheira da vítima, Amanda, após o soco, uma outra mulher, supostamente conhecida do motorista, veio correndo na direção da confusão. “Ela estacionou o carro em cima da calçada e veio na nossa direção. Achei que ela fosse acudir, mas na verdade também começou a agredir a minha esposa”, relembra.
Surpresa, Amanda pegou o celular e acionou a polícia. De acordo com ela, assim que viram que estava ao telefone com a PM, os agressores correram para seus respectivos carros e fugiram. Jessica sofreu ferimentos no rosto e no braço e, do local, foi direto para a delegacia para registrar o boletim de ocorrência.
A vítima diz que, com a repercussão do caso, espera que o homem possa ser punido. A picape está registrada no nome de um posto de gasolina. "Eu quero que ele pague pelo que fez. Quero que pague por essa agressão gratuita. Estou analisando com o meu advogado os processos que vamos mover contra ele."
Fonte: G1

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