Rússia Acusa EUA de Apoiar Terrorismo na Síria: Tensões Diplomáticas em 2012

Roberto Farias
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Em 25 de julho de 2012, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, intensificou as críticas aos Estados Unidos, acusando-os de "justificar o terrorismo" contra o governo sírio de Bashar al-Assad. A declaração veio em resposta a comentários da porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, que afirmou que os recentes ataques contra autoridades sírias não eram surpreendentes devido à repressão do regime. Para Lavrov, tais declarações representam uma "justificativa direta de terrorismo", conforme relatado em pronunciamento oficial.
Lavrov também criticou os países ocidentais por não condenarem os atentados da semana anterior, que mataram figuras-chave do regime de Assad, incluindo o ministro da Defesa e o cunhado do presidente. Esses ataques, reivindicados por grupos rebeldes, marcaram uma escalada na revolta armada iniciada em março de 2011, que, segundo a oposição, já havia deixado mais de 17 mil mortos, a maioria civis.
A Rússia, junto com a China, tem bloqueado resoluções no Conselho de Segurança da ONU que buscam pressionar Damasco, argumentando que sanções ou intervenções externas agravariam o conflito. Enquanto o regime de Assad classifica os opositores como "terroristas" que tentam desestabilizar o país, os países ocidentais defendem uma "saída negociada" para a transição de poder, com a saída de Assad como condição central.
Contexto do Conflito
A Síria, em meados de 2012, estava imersa em uma guerra civil, como reconhecido pela ONU em junho daquele ano. A violência incluía bombardeios do regime em cidades rebeldes como Homs e Aleppo, enquanto a oposição, cada vez mais armada, intensificava ataques contra forças do governo. A divisão internacional – com Rússia e China apoiando Assad, e EUA e aliados exigindo sua renúncia – dificultava qualquer solução diplomática, como o plano de paz de Kofi Annan, que não conseguiu frear a violência.
As acusações de Lavrov refletem o crescente atrito entre Moscou e Washington, com a Rússia acusando os EUA de apoiar indiretamente grupos rebeldes, alguns dos quais ligados a facções extremistas. Por outro lado, os EUA criticavam a Rússia por fornecer armas ao regime sírio, incluindo helicópteros de ataque, o que Moscou negava oficialmente.
Reflexões sobre a Crise
O embate verbal entre Lavrov e os EUA expõe a complexidade da crise síria, onde interesses geopolíticos se sobrepõem à tragédia humanitária. Com milhares de mortos e uma população encurralada entre a repressão do regime e a violência rebelde, a ausência de consenso internacional prolongava o sofrimento. A retórica de “terrorismo” usada por ambos os lados – regime e oposição – obscurecia a busca por uma solução, enquanto civis pagavam o preço mais alto.
A postura da Rússia, firme em proteger Assad, contrastava com a pressão ocidental por mudança de regime, mas nenhuma das partes apresentava um plano viável para estabilizar a Síria. A escalada de 2012 foi apenas o prelúdio de um conflito que marcaria a década, com consequências globais ainda sentidas hoje.

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