Impeachment de Fernando Lugo no Paraguai: Crise Política e Protestos
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, enfrentava a iminente possibilidade de ter seu mandato cassado em um processo de impeachment relâmpago. A crise política, desencadeada por um confronto violento em Curuguaty que resultou em 17 mortes, mobilizou o Congresso paraguaio, que aprovou a abertura do processo na quinta-feira, 21 de junho, acusando Lugo de “mau desempenho das funções” e responsabilidade pela instabilidade política. O julgamento político, marcado para as 17h30 (horário de Brasília), dava ao presidente apenas duas horas para apresentar sua defesa, após ter seu pedido de três dias negado.
Em Assunção, a tensão era palpável. Centenas de manifestantes, incluindo camponeses, sem-terra e moradores da capital, reuniram-se na praça em frente ao Congresso, cercado por 4 mil militares. Passando a noite em vigília, os apoiadores de Lugo gritavam palavras de ordem, denunciando o processo como um “golpe de Estado”. “Estamos aqui para protestar contra esse julgamento do nosso presidente, um representante genuíno do povo”, declarou Manuel Martinez, um dos coordenadores da manifestação, conforme relatado pelo enviado da TV Globo, José Roberto Burnier.
O processo avançou rapidamente, com a Câmara aprovando o impeachment na manhã de quinta-feira, contando com votos até de aliados da coalizão governista. O Senado, à tarde, definiu as regras, evidenciando a fragilidade de Lugo, cuja base era minoria no Congresso. Apesar da pressão, o presidente, um ex-bispo católico, afirmou que não renunciaria e enfrentaria o julgamento. A Conferência Episcopal Paraguaia, liderada pelo bispo Claudio Giménez, pediu sua renúncia para evitar violência, mas Lugo manteve sua posição.
A crise atraiu a atenção internacional. Na madrugada de sexta-feira, uma comitiva da Unasul, liderada pelo chanceler brasileiro Antonio Patriota, chegou a Assunção após deixar a Rio+20. Composta por ministros de Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Peru, Equador, Colômbia e Bolívia, além do secretário-geral Ali Rodríguez, a delegação foi diretamente à residência oficial de Lugo para mediar a situação. A Unasul buscava garantir a legitimidade do processo, enquanto a oposição no Senado preparava a votação que poderia destituir o presidente.
O estopim do impeachment foi um confronto em 15 de junho, em Curuguaty, onde 11 sem-terra e 6 policiais morreram durante a desocupação de uma fazenda. A acusação alegava que Lugo, por negligência e desprezo às instituições, minava o Estado de Direito. Com um processo de menos de 24 horas, a destituição de Lugo parecia iminente, marcando um dos episódios mais controversos da política paraguaia.
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