Brasília-DF - O ex-deputado distrital Rubens César Brunelli Júnior, 42 anos, deve se apresentar à polícia a qualquer momento. Ele está sendo procurado pelos investigadores da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) desde às 6h desta sexta-feira (25/5), quando teve início a operação de busca e apreensão. Ao chegarem na residência de Brunelli, na Superquadra Brasília, os policiais encontraram a casa vazia, mas o computador ainda estava ligado. Outras três pessoas já foram presas. Computadores e documentos foram apreendidos. O passaporte de Júnior Brunelli também foi apreendido e a Interpol será avisada ainda nesta tarde para tentar evitar uma possível fuga para o exterior.
Brunelli é suspeito de ter desviado, em 2009, R$ 1,7 milhão de recursos públicos destinados a projetos de uma associação comandada por ele. Segundo a polícia, a instituição não tem estrutura suficiente e o ex-parlamentar teria usado a verba para fins ilícitos. Mandados de busca e apreensão também estão sendo cumpridos em vários endereços.
Os mandados de prisão temporária foram autorizados pela Justiça na semana passada e servirão para apurar as suspeitas de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha que teriam resultado no desvio de verbas públicas. A denúncia foi encaminhada pela 1ª Promotoria de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) em 2010, mas só agora o inquérito teve continuidade.
As investigações, conduzidas pela Deco, acusam Brunelli de ter adquirido R$ 1,7 milhão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e Transparência de Renda (Sedest) para realizar quatro projetos sociais voltados a idosos na Associação Monte das Oliveiras (AMO). O dinheiro, no entanto, nunca teria sido utilizado para o fim destinado.
Inspeções realizadas na associação revelaram que o local não possui sequer quadro de funcionários suficiente para a realização de projetos. A AMO está fixada nos fundos de uma igreja comandada pelo ex-parlamentar e seus familiares e, quando a Polícia Civil esteve no local, apenas um empregado ocupava o espaço. Para justificar o uso do dinheiro voltado aos projetos sociais, o ex-deputado teria apresentado notas falsas. Uma delas, no valor de R$ 38,640 mil, teria sido declarada como proveniente de compras de lanches destinados à instituição, em um estabelecimento de Samambaia. Segundo a polícia, a nota apresentada seria falsa, e a verdadeira equivale à quantia de R$ 29,49.
Alguns outros comprovantes também falsos teriam sido apresentados em nome de empresas fantasmas. Brunelli era acompanhado pelos investigadores da Deco há dois meses. Os outros quatro suspeitos de participação nos delitos teriam ajudado o ex-parlamentar nos desvios de verbas e emissão de notas em nome de empresas falsas.
Brunelli é um dos envolvidos no escândalo Caixa de Pandora, deflagrado em 27 de novembro de 2009. Em um dos vídeos, feito por Durval Barbosa, o ex-secretário do governo do DF, ao lado do então presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente pede a Deus pela vida do delator do escândalo. “Somos gratos pela vida do Durval, por ter sido instrumento de bênção para nossas vidas, para nossa cidade”, dizia o ex-deputado na gravação.
Fonte: Correio Braziliense
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