Combates violentos explodiram nesta segunda-feira em Trípoli em volta do quartel-general do líder líbio Muamar Khadafi, horas após rebeldes terem assumido o controle da maior parte da capital.
Não havia informações sobre se Khadafi estava no local, ou sobre qual seria seu paradeiro. Uma fonte diplomática disse à AFP que Khadafi poderia estar no QG, mas a informação não foi confirmada. Khadafi não é visto em público desde maio, apesar de ter divulgado desde então, com frequência, mensagens em áudio e vídeo de locais não divulgados.
No começo da manhã (horário local), tanques saíram do QG do líder líbio - conhecido como Bab al-Azizia - e começaram a disparar, segundo um porta-voz dos rebeldes. Há intensa troca de tiros na área.
Os rebeldes encontraram pouca resistência à medida que avançavam pela cidade no sábado e no domingo, assumindo rapidamente o controle de leste, sul e oeste da capital.
Um porta-voz dos rebeldes disse, entretanto, que forças pró-Khadafi ainda controlam de 15% a 20% de Trípoli.
Os rebeldes começaram a entrar em Trípoli na noite de sábado e intensificaram os ataques durante o domingo. O confronto em diversas áreas da cidade deixou centenas de mortos.
O porta-voz do regime de Khadafi, Moussa Ibrahim, disse que 1.300 pessoas foram mortas na cidade nas últimas 24 horas. O número não pode ser confirmado de forma independente.
Havia pontos de conflito em vários bairros, um deles no entorno do hotel que hospeda a imprensa internacional. Segundo o correspondente da BBC em Trípoli, Matthew Price, o local ainda estava sob poder do governo, mas rebeldes tentavam assumir o controle.
Filhos de Khadafi
O Tribunal Penal Internacional (TPI) confirmou que um dos filhos de Khadafi, Saif al-Islam, foi capturado na capital. Ele era considerado o sucessor do pai no governo líbio.
Os rebeldes afirmam ainda que um outro filho de Khadafi – Mohammed - teria se rendido, assim como a guarda pessoal do líder líbio, mas a informação não pode ser confirmada por fontes oficiais.
No início da madrugada, o canal de TV oficial do país foi tirado do ar, e a transmissão também foi interrompida na rede Al-Libiya, que pertence a Saif al-Islam.
O presidente do Conselho Nacional de Transição, a coalizão rebelde, Mustafa Mohammed Abdul Jalil, disse que os rebeldes poriam fim à sua ofensiva se Khadafi anunciasse sua saída.
Falando sobre a captura do filho de Khadafi, Jalil disse que ele estava sendo mantido "em um local seguro até que seja entregue ao judiciário". Ele acrescentou que as forças rebeldes garantiriam a Khadafi e seus filhos uma saída segura do país.
A correspondente da BBC em Trípoli Rana Jawad afirmou que em sua vizinhança as pessoas foram acordadas nesta segunda-feira por um imã (líder religioso islâmico) cantando o hino nacional da monarquia líbia pró-Khadafi. Segundo ela, há uma sensação entre os moradores de que o regime de 42 anos de Khadafi chegou ao fim, e de que os rebeldes conseguiam o que queriam.
Na Praça Verde, partidários dos rebeldes rasgaram bandeiras verdes do governo líbio e derrubaram retratos de Khadafi.
'Bolsões de resistência'
Em mensagem de áudio transmitida na noite de domingo (horário local), Khadafi exortou moradores da capital a "salvar Trípoli" dos rebeldes.
"Como vocês podem permitir que Trípoli, a capital, esteja sob ocupação outra vez?", perguntou ele. "Os traidores estão abrindo caminho para que forças de ocupação sejam mobilizadas em Trípoli".
O ministro da Informação líbio, Moussa Ibrahim, disse à rede de TV CNN que o governo de Khadafi ainda tem 65 mil soldados sob seu comando.
No entanto, algumas forças se renderam aos rebeldes, incluindo o batalhão especial encarregado de garantir a segurança de Trípoli.
O presidente do conselho rebelde disse no começo desta segunda-feira:
"Eu aviso a vocês, ainda há bolsões de resistência dentro e ao redor de Trípoli".
Forças rebeldes avançaram pelo leste e o oeste de Trípoli, apoiadas por forças aéreas da Otan - que implementam uma resolução da ONU para proteger civis.
Durante o dia, um grupo de rebeldes avançou pelo oeste, enquanto outro mantinha postos de inspeção nos arredores da cidade.
O correspondente da BBC em Trípoli Matthew Price, disse estar claro que houve "batalhas sangrentas" em pontos da cidade.
O ministro da Informação acusou a Otan de apoiar "gangues armadas" com poderio aéreo, e acrescentou que o regime de Khadafi estava preparado para negociar diretamente com o conselho rebelde.
Fonte: BBC Brasil
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