O Horror de Oslo e Utoya: A Confissão de Anders Breivik e o Eco do Extremismo em 2011

Roberto Farias
By -
2 minute read
0

Em 22 de julho de 2011, a Noruega foi abalada por um duplo atentado que chocou o mundo. Anders Behring Breivik, um norueguês de 32 anos, confessou ser o responsável pela explosão de uma bomba em Oslo e pelo massacre de dezenas de jovens na ilha de Utoya, deixando um saldo devastador de 97 mortos, incluindo desaparecidos, e cerca de cem feridos. Em sua primeira declaração, Breivik descreveu suas ações como “horríveis, porém necessárias” e prometeu detalhar suas motivações na audiência judicial marcada para a segunda-feira seguinte. Apesar de afirmar ter agido sozinho, a polícia norueguesa investigava a possibilidade de um segundo atirador, conforme relatos iniciais.
Antes do ataque, Breivik era praticamente desconhecido, exceto em círculos extremistas. Frequentador assíduo de um fórum neonazista escandinavo, ele mantinha perfis no Facebook e Twitter, onde publicou uma citação do filósofo John Stuart Mill: “Uma pessoa com convicção tem uma força equivalente a 100 mil que tenham interesses apenas.” Sua ideologia foi detalhada em um manifesto de 1,5 mil páginas, intitulado Declaração da Independência da Europa de 2083, divulgado na internet horas antes do atentado. No documento, ele descrevia a fabricação de bombas e sua licença para comprar uma carabina, obtida sob o pretexto de “caçar veados”, embora seu verdadeiro alvo fossem “marxistas culturais e traidores multiculturalistas”. Um vídeo de 12 minutos postado no YouTube reforçava sua retórica anti-imigração, conclamando o combate a “ondas de imigrantes”.
A investigação do caso levantou questões sobre a saúde mental de Breivik. O psiquiatra criminalista russo Mikhail Vinogradov sugeriu que o atacante era um “psicopata” movido por ódio acumulado contra grupos diferentes dele, agindo em um ato de “imolação” planejado por anos. Contudo, a clareza de seus escritos e a premeditação do ataque indicam um extremismo ideológico bem articulado. Breivik se identificava com ideias neonazistas e nacionalistas, que, segundo analistas como Dmitri Rogozin, representante russo na OTAN, ganhavam força em partes da Europa devido à tolerância a discursos pró-nazistas em alguns países, como os bálticos e a Romênia. Lev Voronkov, do Instituto de Relações Internacionais de Moscou, apontou o afluxo de imigrantes e as tensões no mercado de trabalho como fatores que alimentam o ressentimento local, agravando ideologias extremistas.
O caso Breivik expôs as fragilidades da sociedade europeia diante do crescimento do extremismo. Acusado por “terrorismo e atividade terrorista”, ele enfrentava uma pena máxima de 21 anos de prisão, conforme a legislação norueguesa. A análise psiquiátrica seria crucial para determinar sua responsabilidade penal, mas o impacto de suas ações já havia marcado a Noruega e reacendido o debate sobre imigração, segurança e radicalização na Europa.

Postar um comentário

0Comentários

Não deixe de comentar !!!!!!

Postar um comentário (0)