Relatório do BEA Aponta Erros de Pilotos como Causa da Queda do Voo AF447 Rio-Paris

Roberto Farias
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Em 29 de julho de 2011, o BEA (Escritório de Investigações e Análise da França) divulgou um relatório sobre o acidente do voo AF447 da Air France, ocorrido em 1º de junho de 2009, que resultou na queda de um Airbus A330-203 no Atlântico, matando todos os 228 ocupantes. A análise, baseada nos dados dos registradores de voo recuperados em maio de 2011, concluiu que uma série de erros dos pilotos foi determinante para a tragédia.
O voo, que partiu do Rio de Janeiro (Galeão) com destino a Paris (Charles de Gaulle), foi dividido em três fases no relatório:
Fase 1: Início do voo até a desconexão do piloto automático
O avião, em cruzeiro a 35.000 pés, operava normalmente com o piloto automático ativado. A tripulação discutiu condições meteorológicas e turbulências leves, sem grandes preocupações. Às 1h55, o comandante deixou a cabine para descansar, sem instruções operacionais claras, entregando os comandos a dois copilotos, que não tinham tarefas explicitamente divididas.
Fase 2: Desconexão do piloto automático até o alarme de estol
Às 2h10, o piloto automático foi desativado após uma falha nas sondas Pitot, possivelmente obstruídas por cristais de gelo, causando leituras inconsistentes de velocidade. O copiloto que assumiu os controles (PF) fez manobras de elevação do nariz, e o alarme de estol soou duas vezes. Apesar da perda de indicações de velocidade, os copilotos não seguiram o procedimento para “velocidade questionável” e não tinham treinamento em pilotagem manual em alta altitude. A aeronave subiu a 37.500 pés, com inclinação crescente.
Fase 3: Alarme de estol até o impacto
O alarme de estol voltou a soar, mas os pilotos não o identificaram formalmente nem tomaram ações para corrigir a situação. O PF continuou a elevar o nariz, levando o avião a sair de seu domínio de voo. A incidência atingiu 40 graus, e a aeronave entrou em uma queda com velocidade vertical de -10.000 pés/min. O comandante retornou à cabine, mas as velocidades registradas tornaram-se inválidas, e o alarme de estol parou temporariamente. Apesar de tentativas tardias de corrigir a trajetória, o avião caiu no oceano às 2h14, a 3.900 metros de profundidade, sem mensagens de socorro.
O BEA destacou a falta de treinamento dos copilotos, a ausência de identificação do estol e ações inadequadas como fatores cruciais. Novas recomendações de segurança foram emitidas, e a investigação prossegue para o relatório final.

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