domingo, 18 de novembro de 2012

Vídeo de ação da PM em SP tem voz de outra vítima, dizem parentes

O pai e a irmã do ajudante Gefferson Oliveira Soares do Nascimento, de 23 anos, morto por policiais militares no dia 10, afirmam ter certeza que ouviram a voz do jovem no vídeo que mostra parte da ação da PM registrada no bairro do Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo.
A filmagem, feita por uma testemunha e divulgada pelo Fantástico, mostra o servente Paulo Batista, de 25 anos, sendo levado pelos policiais até um carro da PM. Na mesma gravação, ouve-se a voz de um homem dizendo: “Não tenho nada a ver, senhor. Por favor, senhor”. Em seguida, um estampido faz a pessoa que filmava se esconder.
As palavras são atribuídas ao servente, e o tiro ouvido seria um dos que o mataram. O pai de Gefferson, porém, garante: “É o meu filho gritando”. Em entrevista ao G1, o pai afirma que o rapaz não tinha envolvimento com o crime e que foi vítima de uma injustiça. "Levasse para a cadeia, então [...] Aí vai averiguar se o cara tem passagem, se não tem. A família vai procurar. Isso é a norma. Agora chegar já [e atirar] à queima roupa, isso não."
A irmã do ajudante, uma educadora de 26 anos que, por medo de represália, também quis o anonimato, diz ter tanta certeza de ter ouvido o jovem implorando na filmagem que nem gosta de assistir à gravação. “Lembro da voz do meu irmão pedindo pelo amor de Deus para não fazer isso com ele, não tirar a vida dele, e eles não tiveram piedade”, conta. Os dois parentes, porém, concordam que quem aparece na filmagem sendo conduzido até o carro da polícia é outra pessoa, no caso, o servente Paulo.
Filmagem
Na manhã daquele sábado, policiais militares afirmam ter localizado os dois jovens e outro homem em um carro roubado. Segundo os PMs, ao tentar abordagem, o trio reagiu atirando. Ainda de acordo com este relato, Paulo foi baleado no confronto, mas conseguiu fugir. Na versão inicial registrada na Polícia Civil, os agentes alegam que, após buscas, encontraram o corpo do servente em uma viela.
No vídeo, porém, Paulo, que já tinha sido condenado por receptação, roubo e falsificação de documentos, aparece sendo dominado e agredido por policiais. Depois, é levado até o carro da polícia. Graças a esse vídeo, os cinco PMs envolvidos tiveram prisão temporária, por 30 dias, decretada pela Justiça.
Para o advogado José Miguel da Silva Júnior, defensor de dois policiais envolvidos na ocorrência, o tenente Halstons Kay Yin Chen e o soldado Francisco Anderson Henrique, a família de Gefferson está equivocada. “O Paulo foi baleado na viela e só o Paulo correu. Se tal fato tivesse ocorrido [a presença de Gefferson na casa], o tenente teria me relatado.”
Além dos dois policiais, aparecem na filmagem os soldados Marcelo de Oliveira Silva, Jailson Pimentel de Almeida e Diógenes Marcelino de Melo. Os cinco foram encaminhados ao presídio da Polícia Militar Romão Gomes, na Zona Norte da capital. O pedido de prisão foi feito pela Corregedoria da corporação.
A Polícia Civil, por meio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), pediu à Justiça a prisão preventiva dos suspeitos. Caso isso ocorra, os cinco permanecerão detidos até serem julgados.
Segundo o DHPP, o soldado Marcelo de Oliveira Silva atirou duas vezes contra Paulo. A primeira foi quando o servente já estava detido, atrás do carro da polícia. O segundo tiro foi dado na sequência, quando o homem tentou correr. Após ser colocado no veículo, o servente foi atingido pelo terceiro disparo, feito por Jailson Pimentel de Almeida.

Agora, investigadores procuram saber como Gefferson foi morto. Na versão dos PMs, ele foi baleado na troca de tiros e levado a um hospital. A família acredita, porém, que ele foi baleado na mesma casa de onde Paulo foi retirado.
Segundo o delegado-geral da polícia, Marcos Carneiro, a hipótese levantada pelos parentes não pode ser descartada. “Aparentemente havia só uma pessoa na casa, mas vamos apurar com cautela.”
Procurada, a PM informou, por meio de nota, que “todas as circunstâncias relativas ao fato são objetos de apuração e que, de imediato, quando da ciência dos fatos, adotou providências no sentido de recolher administrativamente os policias militares à Corregedoria da PM e de investigar os fatos”.
No dia 11, ao Fantástico, o comandante da corporação, coronel Roberval França, afirmou que a PM vai apurar “rigorosamente” o que ocorreu com as duas vítimas. “De acordo com as provas que forem carregadas, esses policiais militares deverão ser processados, demitidos ou expulsos da corporação”, disse.

Fonte: G1

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